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Um estudo realizado pela professora Luísa Pimenta Terra do curso de Ciências Atuariais, oferecido pela UNIFAL-MG no campus de Varginha, tem se destacado em reportagens de comportamento. Trata-se de uma pesquisa sobre as características da felicidade no casamento, desenvolvida pela docente no Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Resultado da tese de doutorado defendida pela pesquisadora no mês de fevereiro no Programa de Pós-Graduação em Demografia daquela instituição, o estudo “Homogamia de Valores e Felicidade Marital no Brasil” aborda dois aspectos das uniões: as características dos cônjuges e o nível de felicidade das uniões. “Uma das contribuições do trabalho associa-se com o melhor entendimento sobre o processo de escolha do parceiro para a união. Atualmente existem estudos que analisam características como raça, religião, escolaridade e educação. A proposta da tese é analisar se o compartilhamento de valores entre os cônjuges pode ser considerado mais um atributo de seleção”, conta Profa. Luísa.
De acordo com a pesquisadora, a relevância do tema justifica-se pela importância do bem-estar nos relacionamentos conjugais para a demografia da família e a escassez de estudos sobre felicidade marital na América Latina. “Esta tese é o primeiro estudo sobre os determinantes da felicidade marital no Brasil. A análise da felicidade marital é importante não somente pela sua sensibilidade a transformações sociais mais amplas, mas também por suas implicações que extrapolam o bem-estar do casal”, enfatiza.
A professora explica que o estudo sugere que a qualidade do casamento afeta a probabilidade de divórcio, por exemplo, e que relacionamentos ruins têm efeitos negativos tanto na saúde física quanto na saúde mental do casal, com implicações indiretas sobre a produtividade no mercado de trabalho.
Para chegar a esses apontamentos, a pesquisadora utilizou dados da pesquisa denominada World Values Survey (WVS), realizada por uma rede de cientistas sociais das principais universidades do mundo, fundada pelo pesquisador da Universidade de Michigan nos Estados Unidos, Ronald Inglehart. As amostras da WVS são representativas para cada país onde a pesquisa é aplicada e seus questionários são padronizados e aplicados por entrevistadores distribuídos em todo o território nacional. “Um dos objetivos da organização da pesquisa é mensurar mudanças nos valores relacionados à religião, questões de gênero, democracia, governança, participação política, tolerância a outros grupos, proteção ao meio ambiente e bem-estar”, esclarece.
Conforme Profa. Luísa, ao todo, os dados coletados pela WVS para cada país são agrupados em seis rodadas de entrevista: 1981-1984, 1990-1994, 1995-1998, 1999-2004, 2005-2009 e 2010-2014. O Brasil participou da segunda, terceira, quinta e sexta rodadas. O tamanho das amostras para a WVS Brasil varia entre 1.149 e 1.782 indivíduos, conforme o ano da pesquisa. Em 1991, a amostra tinha 1.782 respondentes, 1.149 entrevistados em 1997, 1.500 em 2006 e 1.486 em 2014. "Infelizmente a variável que capta a felicidade marital somente está disponível para o Brasil em 1991, o que justifica a utilização somente desta rodada da pesquisa”, acrescenta.
Os valores medidos no estudo da pesquisadora são relacionados a atitudes para com a religião, padrões morais, atitudes sociais, opiniões políticas e atitudes com relação ao sexo. “Também analiso características como idade, religião, raça/cor, escolaridade, se é união formal ou consensual e se tem filhos”, diz, informando que o questionário extenso tem como diferencial a abordagem de valores, preconceito, religião, tolerância política, religiosa e racial, formação e dissolução de famílias, saúde e trabalho, além de variáveis relacionadas ao bem-estar, como felicidade e satisfação. “No caso da minha tese, utilizei informações sobre a satisfação com a vida em casa, além de dados sobre o compartilhamento de certos valores com o cônjuge”.
Devido ao tamanho da amostragem, Profa. Luísa sinaliza a intenção de ampliar a pesquisa, incluindo dados atualizados e também casais homossexuais no estudo, sobre o qual acredita que encontrará resultados diferentes dos encontrados nos dados extraídos da WVS. “As relações encontradas com os dados da WVS podem ser diferentes do que os resultados obtidos com essa pesquisa no futuro, já que há grande lapso temporal e de dados mais completos. O questionário que pretendemos aplicar terá muito mais poder de explicação sobre o tema. Isso porque serão coletados dados informados pelos cônjuges, além de ter todo o questionário pensado para captar informações sobre o tema. Ademais, algumas questões como as motivações para o casamento, e atitudes e papeis de gênero na união serão bastante explorados”, conclui.
Repercussão do estudo
A conclusão de que características semelhantes de um homem e uma mulher podem determinar a felicidade do casal chamou a atenção do jornal O Tempo e da rádio CBN Globo, que fizeram reportagens sobre o estudo.
O jornal O Tempo publicou na seção “Vida a dois” na editoria Comportamento, a matéria “Semelhantes se atraem e são mais felizes juntos, diz estudo”. Assinada por Mariana Alencar, a reportagem, divulgada no dia 18/05, ilustra a pesquisa com a história do casal Tereza Bernardes e Felipe Bertelli, que dividem semelhanças em vários aspectos da vida.
Também a rádio CBN Globo abordou a similaridade de valores entre casais como fator que impacta em maior nível de felicidade conjugal na reportagem “Pesquisa diz que é preciso que o casal tenha interesses em comum para relacionamento dar certo”, divulgada no dia 21/05. A repórter Adriana Ferreira conversou com a Profa. Luísa e com casais que confirmam o quanto um relacionamento baseado em experiências comuns tende a ter mais sucesso.
Na terça-feira, dia 31/05, Profa. Luísa participará também do programa "Opinião Minas" da Rede Minas, às 8h15, para falar sobre o estudo. Prestigie!
Confira as reportagens na íntegra:
SOBRE A PESQUISADORA
Luísa Pimenta Terra é doutora em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar/UFMG), possui graduação em Ciências Atuariais pela Universidade Federal de Minas Gerais (2007) e mestrado também em Demografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2010). Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal de Alfenas, lecionando disciplinas na graduação (Ciências Atuariais e Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Economia) e no mestrado (Administração Pública). É revisora ad-hoc dos periódicos da Revista Brasileira de Estudos de População, Pesquisa e Planejamento Econômico (IPEA), entre outros. Tem experiência na área de Demografia e Gestão de Riscos atuando principalmente nos seguintes temas: envelhecimento e previdência, projeção populacional, gestão de riscos em saúde, nupcialidade e família.