UNIFAL-MG debate impactos da crise sobre a Educação no Brasil

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Comunidade acadêmica se reúne no lançamento do projeto “Observatório da Crise Brasileira”

O cenário da crise brasileira ganhou espaço para debate na UNIFAL-MG em um projeto idealizado pelo Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) denominado “Observatório da Crise Brasileira”, que propõe refletir e produzir conhecimento a partir do olhar das humanidades sobre a crise.

Lançado na terça-feira, 31/05, o primeiro encontro do projeto abordou “Os Impactos da atual crise sobre a Educação no Brasil”, tema que foi analisado em uma mesa-redonda composta pelos professores convidados: Paulo Márcio de Faria e Silva, reitor da Instituição; Geovania Lúcia dos Santos, professora de Política Educacional e Gestão Escolar do ICHL, e Luis Antônio Groppo, professor de Sociologia do ICHL, com ênfase nas áreas Sociologia da Educação e Sociologia da Juventude.

Na abertura do evento, o diretor do ICHL, Prof. Sandro Amadeu Cerveira, explicou o que originou a idealização do projeto, dizendo se tratar de uma ideia que nasceu com o objetivo de inserir a Universidade como um espaço para reflexão, uma vez que ela é entendida como agente de análise e formação e transformação de uma sociedade democrática. “O projeto tem como principal pressuposto, a tese de que a universidade possui alguns compromissos que são intrínsecos a mesma, ou seja, que são próprios do ser universidade. Uma universidade não faz jus a esse título a menos que esteja, em nossa concepção, fortemente comprometida com o rigor na produção do conhecimento cientificamente embasado, com formação holística de sujeitos críticos e com a defesa das instituições e dos valores democráticos”, argumentou.

Na sequência, o mediador da mesa-redonda, o vice-diretor do ICHL, Prof. Romeu Adriano da Silva, apresentou os convidados e suas respectivas contribuições para o debate a partir de suas formações e atuações.

Olhares sobre a crise

A primeira exposição foi feita pelo reitor, que analisou a situação brasileira, do ponto de vista de gestor e como integrante nas discussões propostas no Fórum de Dirigentes de Instituições Públicas de Minas Gerais (Foripes) e também nos encontros realizados junto a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

O professor Paulo Márcio apresentou um panorama, partindo da ideia de existir uma associação de crises e não uma crise isolada. “Eu entendo que o que explica a profundidade da gravidade dessa crise, na minha forma de ver, é que na verdade ela se insere numa associação de crises. Não há uma crise isolada. Eu identificaria aqui: uma crise moral e ética, uma crise política e uma crise econômica”, destacou.

Sobre os impactos sobre a Educação, o professor mencionou algumas medidas do atual modelo que comprometem o Ensino Superior, como, por exemplo, a contraposição entre o Ensino Básico e o Ensino Superior, que desmantela a noção da Educação global brasileira, a qual deveria ser priorizada como um todo; a desvinculação de receitas da União para a Saúde e Educação e a limitação dos gastos públicos, que chocam com o Plano Nacional de Educação e anunciam possibilidades de congelamento de recursos para o Ensino Superior.

“A crise na Educação e a Educação na crise” foi o tema central da fala da professora Geovania, que disse ser pertinente pensar na Educação como um ponto de partida para refletir o cenário atual. “A Educação é, obviamente, um bem público no plano social, uma conquista. Como bem público, ela resulta de uma conquista longa e é um bem público meritório, ou seja, é um bem público cujos desdobramentos, ou cujos bens vão para além da própria pessoa, do próprio indivíduo que se serve ou usufrui deste bem público”, pontuou.

Profa. Geovania lembrou que a Educação é um direito previsto na Constituição e que educar uma pessoa é caminhar no sentido de construir um modelo de sociedade. “A Educação é um direito do cidadão, é um direito da pessoa, e visa ao pleno desenvolvimento desta pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Portanto, eu acho que a centralidade da Educação está muito ligada à posição estratégica desse setor da política pública e das políticas sociais”.

A exposição do Prof. Groppo versou sobre as repercussões educacionais a partir de três momentos vividos pelo país recentemente: as jornadas de junho de 2013; as ocupações em escolas públicas e estaduais de São Paulo, Goiás e no Rio de Janeiro, e o caráter antieducativo do processo de impeachment em relação à democracia e ao próprio Estado democrático de direito. “O impeachment está sendo feito ao arrepio dos princípios republicanos e democráticos”, frisou Prof. Groppo, que deixou claro que sua defesa não é pelo governo petista, mas pelo Estado democrático de direito.

De forma otimista, o professor Groppo fechou sua explanação compartilhando sua expectativa. “Hoje nós estamos em um momento ruim da política, sim, mas já foi pior, já saímos de uma situação muito pior, então eu tenho esperança que a gente possa reagir contra tudo isso e lutar pelo retorno da democracia, do Estado democrático de direito e pela garantia da Educação como direito público”.

Após as exposições, o público interagiu com os ministrantes ampliando o debate sobre a crise.

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