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Cerca de 150 pessoas marcaram presença na mesa-redonda “Povos Indígenas no Brasil: diversidades, conflitos e resistências” que ocorreu no dia 19/04 – Dia do Índio, na sede da UNIFAL-MG, com o objetivo de abrir espaço para discussões e debates referentes aos povos indígenas na Universidade, além de manifestar apoio às lutas e movimentos indígenas que nesse mês de abril ganham maior visibilidade no país.
O evento foi coordenado pela professora do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), a antropóloga Lígia Rodrigues de Almeida, sob a organização dos estudantes do curso de Ciências Sociais, Mariana Ramos Pereira, Maria Carolina Arruda Branco e Guilherme Abraão, contando também com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão na realização.
Participaram da mesa-redonda: a professora Lígia; a professora convidada Amanda Cristina Danaga, antropóloga pela UFSCar; a professora Carmem Lúcia Rodrigues da UNIFAL-MG, e o indígena Hayuan Pataxó da aldeia Itapororóca, localizada em Porto Seguro, estado da Bahia.
Conforme a coordenadora do evento, a mesa-redonda se constituiu como um pré-evento para a 3ª Jornada das Ciências Sociais da UNIFAL-MG que acontecerá em setembro sobre o tema "Fronteiras".
Na oportunidade, discutiu-se a respeito dos processos de demarcação de Terras Indígenas e dos ataques a seus direitos e territórios, tendo como ponto de partida a “tese do marco temporal de ocupação”, que é acionada, com certa frequência, como forma de deslegitimar as ocupações territoriais indígenas. “Essa ‘tese’ parte do princípio de que apenas os territórios onde haviam povos indígenas instalados no momento da promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988, devem ser considerados como locais de ocupações legítimas”, explica Profa. Lígia.
Para a coordenadora do evento, além de inconstitucional, essa tese ignora o fato de que, se determinados povos não estavam presentes no momento da promulgação da Constituição Federal, nos territórios que hoje reivindicam nos processos de demarcação de Terras Indígenas, não significa que tenham abandonado essas localidades ou perdido a relação que mantêm com os lugares em que vivem e viveram, em muitos casos. “O que ocorreu foram remoções forçadas dessas populações, entre outras tantas formas de violência”, afirma.
Ao final das exposições dos convidados da mesa-redonda, o índio Hayuan Pataxó emocionou a plateia ao cantar e compartilhar suas vivências com a terra, sobre os saberes dos velhos pataxós, seu trânsito por diversas cidades para a venda do artesanato e o fortalecimento de sua cultura. “A participação de Hayuan Pataxó reforçou a necessidade de nos unirmos, indígenas e não indígenas, em torno de um objetivo comum: proteger as nossas existências aqui nessa Terra”, comentou Profa. Lígia.
Ressaltando a necessidade da demarcação urgente das Terras Indígenas e o respeito a esses povos e seus modos de saber, o índio destacou em sua fala: “Muitos morreram para eu estar aqui hoje! E nós não queremos mais morrer assim!”