Novo paradigma na catalogação - RDA

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Foi traduzido um dos primeiros livros sobre a nova norma de catalogação denominada RDA (Recursos: Descrição e Acesso). A nova obra é da autora Chris Oliver, coordenadora de Catalogação da McGill University Library, em Montreal (Canadá), O livro intitulado Introdução à RDA: um guia básico tem sua edição original em inglês, foi publicada em 2010, pela American Library Association. Mas, possuem conteúdos muito recentes em suas edições.

A RDA tem provocado uma enorme mudança na catalogação internacional desde a publicação da segunda edição do Código de catalogação anglo-americano – com edição brasileira publicada pela FEBAB em 1983 e em 2004, após a revisão de 2002; agora existe uma reimpressão, lançada em 2010. Pensava-se que seria lançada uma nova edição do código de catalogação e que a sua nova sigla, continuando a longa tradição das versões anteriores, fosse AACR3. Além disso, a nova edição certamente iria incluir as modificações geradas pelas atualizações ocorridas no formato MARC 21. Mas, a longa tradição de edições sucessivas do AACR foi quebrada e não teremos o AACR3!

Mesmo com a forte relação com as AACR2, a RDA delas difere em muito, devido a ser baseada numa estrutura teórica, ter sido projetada para o ambiente digital e seu escopo ser mais abrangente do que o das AACR2”. De fato, as normas da RDA são baseadas nos modelos conceituais do Functional Requirements for Bibliographical Records (FRBR, Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos) e do Functional Requirements for Authority Data (FRAD, Requisitos Funcionais para Dados de Autoridade), e incorporam um ponto de vista impensável anos atrás. Agora a estrutura da descrição bibliográfica inclui também o acesso à informação do objeto descrito como um todo.

O novo livro é formado por sete capítulos. O primeiro, intitulado “O que é a RDA?”, mostra a base teórica na qual a RDA foi baseada. A autora do livro ressalta que “a RDA consiste num conjunto de instruções práticas, que, no entanto, baseia-se numa estrutura teórica que define a forma, a estrutura e o conteúdo desta nova norma”. Os dados RDA podem “ser codificados com o emprego de esquemas existentes, como o MARC21, Dublin Core, MODS e também podem ter correspondências estabelecidas com outros esquemas, atuais ou futuros. Os dados RDA também foram projetados para serem usados no ambiente da Rede e em novos tipos de estruturas de bases de dados. A RDA pode ser utilizada para a descrição de recursos tradicionais quanto aos não-tradicionais, analógicos e digitais, dentro e fora da biblioteca”.

O segundo capítulo aborda as relações da RDA com as normas, modelos e princípios internacionais. Apontando a RDA “emprega os conceitos, a terminologia e os princípios reconhecidos pela comunidade internacional de catalogação. Baseia-se em tradições catalográficas existentes embora também se leve em conta a forma como os dados das bibliotecas serão usados no futuro. (...) A RDA foi desenvolvida para se encaixar na matriz de normas internacionais de descrição de recursos”.

O terceiro capítulo comenta o FRBR e FRAD na RDA. Afirmando com detalhes que a RDA é de fato uma aplicação desses dois modelos conceituais. “Esses modelos moldaram a estrutura da RDA e influenciaram a linguagem empregada nas instruções”. Outro aspecto interessante é apontado pela autora: “os modelos FRBR e FRAD são modelos de entidade-relação. Foram desenvolvidos com o emprego de enfoque e metodologia semelhantes. O ponto de partida de ambos os modelos são os usuários e suas necessidades. (...) As necessidades do usuário são definidas em termos de tarefas de usuário. (...) Há quatro tarefas de usuário relativas ao uso de dados bibliográficos, e quatro relativas a dados de autoridade”.

A autora também enfatiza que “o foco não está no catalogador que cria um único registro, mas no usuário que busca esse registro em grandes catálogos ou bases de dados” Mostrando que a RDA dá ênfase ao registro de relações.

O quarto capítulo explica que a RDA é a norma que substitui as AACR2, mas que coexiste uma continuidade entre ambas. A mesma estrutura de governança; a RDA foi construída sobre os mesmos alicerces das AACR2; muitas instruções foram derivadas das AACR2 e os novos registros catalográficos serão compatíveis com o antigo código de catalogação.

O quinto capítulo aborda as diferenças e semelhanças existentes entre a RDA e o AACR2. Neste capítulo analisam-se os aspectos relacionados com a implantação da RDA. Nessa transição as associações profissionais, as escolas de biblioteconomia e o próprio profissional exercerão papéis primordiais para que essas mudanças sejam feitas de forma passiva. É importante apontar um aspecto: para que as normas RDA sejam implantadas e largamente utilizadas no Brasil e nos outros países lusófonos elas precisam ser traduzidas com certa urgência. É quase certo que a barreira linguística pode ser um empecilho para a transição das normas das AACR2 para a RDA.

No último capítulo do livro a autora comenta também sobre as vantagens, o presente e o futuro da RDA num contexto informacional. Ao finalizar ela aponta que “na medida em que os catalogadores forem construindo o corpo de dados RDA, os usuários começarão a notar as vantagens de uma norma que coloca suas necessidades no centro”.

Com esse contexto as tecnologias da informação, especialmente a internet, ficou inevitável a demanda de novas normas de catalogação que pudessem descrever os novos objetos digitais. Assim, o universo bibliográfico estará atualizado, e de posse de regras que finalmente poderão descrever esse contexto da informação digital surgido nos últimos quinze anos. As normas da RDA vêm dar ao bibliotecário e a outros profissionais de informação um moderno e prático instrumento imprescindível para o bom exercício profissional na área de catalogação nesse mundo digital.

O livro, portanto, é editado no momento correto. Ele pode servir como um prático e didático ponto de partida para os profissionais e estudantes nesse processo de transição  iniciado.

 

Crédito: Site Infohome