A UNIFAL-MG recebeu na quinta-feira, 12/05, o artista plástico Geraldo Magela (Magela Borbagatto), para o lançamento do catálogo “Paulistinhas – Importante acervo do Museu de Antropologia do Vale do Paraíba-SP”.
O lançamento aconteceu no auditório Dr. João Leão de Faria, em evento promovido pela Pró-Reitoria de Extensão, por meio do desdobramento do projeto “Histórias de quando a água chegou: um resgate cultural/literário dos relatos orais surgidos com a construção da barragem de FURNAS”. A abertura contou com a apresentação musical de viola caipira com a presença dos professores Helena dos Santos Felício e Mário Danieli Neto do Instituto de Ciências Humanas e Letras.
[2]O catálogo é resultado de uma pesquisa realizada pelo artista sobre os métodos utilizados nessa produção artística, e visa dar visibilidade às imagens sacras populares do Vale do Paraíba, que surgiram para atender as demandas do comércio de imagens, no final do século XVII até o início do século XX. “A proposta é divulgar a arte religiosa do Vale do Paraíba do século XIX, que é única no Brasil e que registra uma arte marginal, vamos assim dizer, porque é uma expressão espontânea do povo caipira daquela época, portanto, feita longe dos ditames clássicos da arte religiosa oficial”, explicou o artista plástico em entrevista para a Assessoria de Comunicação Social.
De acordo com Magela Borbagatto, embora a arte seja pertencente à história do povo paulista, é importante para o Brasil porque existe como uma expressão única daquele período no país. “Quando falamos, por exemplo, das imagens do eixo histórico de Minas Gerais, ou as imagens da Bahia e Pernambuco, nós falamos de uma arte erudita. Já “Paulistinhas”, é uma arte cem por cento popular. Por isso elas merecem essa divulgação”, reforça.
As imagens ficam expostas no Museu de Antropologia do Vale do Paraíba e congrega cerca de 300 peças. “Pensarmos em 300 peças no contexto atual não é nada, mas se pensarmos que houve uma produção intensa naquela época e que existem 300 exemplares de uma arte de 200 anos atrás é considerável o número”, avalia. [3]
O artista esteve em Estremoz/Portugal no início do ano, para investigar a influência de estilo do figurado em barro estremocense na origem e desenvolvimento da tipologia Paulistinha. “Ao chegar a Portugal foi uma surpresa, para mim e para eles, que a Paulistinha que deriva de uma tipologia deles, de uma imagem que eles fazem lá desde o século XVII, fosse absolutamente desconhecida por eles”, ressalta.
Conforme Magela, eles nunca tinham ouvido falar que no Brasil tivesse desenvolvido um tipo de imagem popular inspirada no estilo deles e por isso foi muito rica a troca de experiências. “Obviamente que eu fui para pesquisar entre outras coisas, a possibilidade de ser mesmo verdadeira a origem do estilo, metodologias e produção, a história das imagens deles, os traços de influência de lá para cá. Eles produzem essas figuras desde 1700. Lógico que as imagens que eles fazem lá têm diferenças com as nossas Paulistinhas, mas o estilo, a forma, alguns traços, são deles. Então algum português trouxe para o Vale do Paraíba no final do século XVIII, aquele conceito e o adaptou a nossa tecnologia caipira, indígena, africana. Enfim, pegou e misturou aqui nesse caldeirão que é o Brasil e aí nasceu a Paulistinha”, explicou.
O convidado foi apresentado pelo professor Italo Oscar Riccardi León, do Instituto de Ciências Humanas e Letras, que destacou a atuação de Magela Borbagatto em projetos socioeducativos e socioculturais e o título de "Mestre da Cultura Popular Brasileira", concedido ao artista pelo Ministério da Cultura.
Além da palestra, o artista também realizou na Instituição, duas oficinas de argila com os discentes, comunidade local e integrantes do programa de Extensão Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI).