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A Andifes realizou dia 14 de dezembro o último Seminário de 2011, com tema “Diretrizes e Estratégias para uma Política de Expansão das Universidades Federais”. O encontro fez parte do ciclo de atividades da Andifes para construir diretrizes para uma nova etapa da expansão das universidades federais. Ao longo do ano a Andifes realizou seis seminários que analisaram a expansão das universidades federais. Os temas foram PNE; assistência estudantil; Educação à Distância; Pós-graduação e inovação; graduação e por fim, este que procurou ouvir a opinião de atores sociais externos às universidades.
Participaram como palestrantes o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante; presidente do Ipea, Márcio Pochmann; ex-presidente do Conselho Nacional de Educação, Roberto Cláudio e o ex-presidente da Andifes, Amaro Lins.
Na abertura do encontro o presidente da Andifes, reitor João Luiz Martins (UFOP) falou do encontro positivo com a presidenta da República, Dilma Rousseff, (Leia mais) e disse que ela frisou a importância estratégica das universidades federais para dar conta do desenvolvimento do Brasil, e fortaleceu a questão da formação de professores. “As palavras da presidenta Dilma conferem maior pertinência à proposta de expansão que estamos construindo. Este seminário fecha um ciclo e consagra um método de formular políticas públicas, que é a participação de vários atores. Assim funciona a universidade federal e a Andifes”, disse o presidente.
Algumas questões que se apresentam para construção de diretrizes e estratégias para expansão das universidades federais foram abordadas no Seminário, que são:
a) Como enfrentar o desafio de levar a educação superior para uma parcela mais
significativa da população brasileira?
b) Como ampliar as matrículas em cursos nas áreas tecnológicas, exatas, agrárias e da
saúde?
c) Qual o perfil do profissional que o Brasil precisa?
d) Quem são os futuros alunos das universidades federais?
e) Como superar as desigualdades regionais?
f) Como combinar formação profissional com ciência, tecnologia e inovação?
g) Qual o papel da universidade federal no ensino superior?
h) É preciso expandir as universidades federais?
Um novo Ensino Superior
O ex-presidente da Andifes e ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Amaro Lins, falou da sua experiência como educador no ensino superior. Também discorreu sobre a necessidade uma análise mais ampla sobre o mundo e sobre o papel da educação superior.
De acordo com Lins, atualmente, a maneira de aprender as coisas mudou: “Os jovens não lêem mais manuais. Eles já têm a ideia mais ou menos formada e não desenvolvem habilidades cartesianas como na nossa época. Isso é bom à medida que, quando ele for aprender a Física, ele vai entender o quanto ela será importante lá na frente”.
Amaro salienta que o jovem é muito do efêmero e a natureza humana passa por transformações. “Antes ficávamos tendo 3 horas de aula de cálculo. Hoje ele consegue todas as aulas na Internet, e com qualidade”, disse o professor.
Sobre qual o perfil do profissional que o Brasil precisa, Amaro Lins disse que na universidade o aluno deve praticar os pilares da educação superior em seu cotidiano. Os pilares são: aprender a aprender; aprender a fazer e aprender a conviver ou a ser. “Por meio do trabalho em grupo de alunos induzimos estes jovens a discutir os problemas que ele irá enfrentar e a desenvolver seu senso crítico. Precisamos trabalhar estes pilares”, argumentou.
O professor acredita que o jovem que está no ensino superior tem o dever e capacidade de gerar o novo. Por isso o professor também deve estimular o jovem. “Esperamos que este aluno se relacione com o mundo do trabalho e com as transformações da sociedade. “A geração do conhecimento é algo que diferencia”, afirmou Amaro.
O ex-presidente do CNE e ex-reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Roberto Cláudio fez uma reflexão sobre o final do ciclo de expansão das universidades federais. Ele afirma que este último governo investiu mais em educação superior. “Há cerca de 5 anos atrás eu fiz uma projeção que previa que o sistema de educação superior deveria ter no final de 2010, 7 milhões de alunos, entre 18 a 24 anos. E hoje verificamos que o Brasil chegou a 6,4 milhões de alunos no ensino superior. Isso significa que em termos gerais o Brasil quase atingiu a meta. Graças ao esforço governamental”, disse o professor.
Roberto Cláudio disse que a realidade da educação superior brasileira está se modificando rapidamente com a forte atuação de fundos financeiros na aquisição de instituições de ensino superior. “Hoje, se o governo federal tiver interesse em discutir educação superior no país, com participação do setor privado, terá dificuldades, pois parcela grande da oferta de vagas está sobre o domínio de fundos de investimentos que tem sede fora do país e atuam por meio da bolsa de valores. Até alguns anos atrás bastava chamar um conjunto de empresários da área de educação, bem conhecidos, e se estabelecia o diálogo com os responsáveis por 75% da oferta de vagas no Brasil”, disse o ex-presidente do CNE.
Ministro Aloizio Mercadante
O Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, apresentou números da economia do Brasil, seu crescimento nas reservas internacionais robustas bem como o avanço no investimento estrangeiro. Mercadante mostrou dados das políticas fiscais e monetárias do país e apresentou às universidades Programas como: “Viver Sem Limite: Tecnologia Assistiva” que prevê o lançamento do portal de tecnologia assistiva em parceria com 10 países ampliando o acesso a educação e inclusão social, e também o “Programa Ciência Sem Fronteiras” que pretende atender áreas prioritárias de ciências básicas, engenharias e áreas tecnológicas, totalizando 101.000 bolsas.
“O perfil dos profissionais que o Brasil precisa, bem como o papel das universidades federais, devem ser compatíveis com a realização desses Programas, que exigirão mão de obra com grande qualificação. A quantidade desses profissionais, a sua distribuição geográfica e as condições econômicas favoráveis do país, indicam a necessidade de expansão continuada das universidades federais”, disse o Ministro.
Presidente do Ipea
O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, falou do ponto de vista da universalização no ensino brasileiro e do financiamento da educação. Veja no link o comunicado do Ipea que fala sobre “Financiamento da educação: necessidades e possibilidades”.
Márcio Pochmann afirmou que apesar do crescimento e aumento da produtividade no sistema de educação brasileira nos últimos anos ele se mostra ineficiente. “Precisamos realmente universalizar a partir do ensino fundamental. Nós temos hoje 3,7 milhões de brasileiros com até 17 anos fora da escola. No ensino médio, de 15 a 17 anos nós temos 70% da faixa bruta matriculado. Líquida ela cai para 50%, que são aqueles que entram e ficam até o final”. Dado o desafio do desenvolvimento, Pochmann avalia que é preciso um esforço muito maior de financiamento e gestão para que o país avance, pois esses jovens serão os futuros alunos das universidades.
Participaram do Seminário, reitores, ex-presidentes da Andifes, pró-reitores de graduação, militantes sindicais, estudantes, entre outros convidados.
*Fonte: Elô Bittencourt - Assessora de comunicação da Andifes