João Leão de Faria - 1914 a 1933

Fundador da Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas, em abril de 1914, transformada em Universidade Federal de Alfenas, em julho de 2005.

“Se um homem sonha, tudo fica no sonho: mas, se seu sonho é compartilhado por muitos, cria-se uma nova realidade”.

A EFOA, atualmente, Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG) nasceu do sonho de João Leão de Faria, que o compartilhou com outros e pode torná-lo realidade.
Trabalho exaustivo para João Leão de Faria na fundação da EFOA. Apesar do entusiasmo e otimismo que empolgavam alguns, teve de vencer, à custa de muita lógica, argumentação, energia, perseverança e propaganda intensa, a incredulidade da massa que sempre recebe as iniciativas com desconfiança e até desdém.
Afinal, quem foi esse homem afável, educado, culto, empreendedor, arrojado, de porte físico mediano, segundo depoimentos dos que tiveram a ventura de conhecê-lo e com ele conviver?
João Leão de Faria nasceu no dia 29 de maio de 1883, no distrito de Douradinho, município de Machado – MG, e faleceu no dia 12 de outubro de 1965, no Rio de Janeiro – RJ. Era filho de João Matias de Faria e de D. Maria Jacintho de Faria.
Fez seus estudos primários em escolas públicas estaduais; os estudos secundários, no Colégio São José, de Silvestre Ferraz, MG; os superiores, primeiro, o de Farmácia, pela Escola de Farmácia de Ouro Preto – MG, hoje, Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP, concluindo-o no ano de 1905; segundo, o de Direito, pela Faculdade de Direito do Brasil, hoje, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, concluindo-o no ano de 1912.
Estabelecendo-se em Alfenas – MG, montou, inicialmente, uma farmácia e, depois, em 1913, fundou o Colégio São José de Alfenas, o qual dirigiu até o ano de 1916, e o vendeu para o Dr. Roque N. Tamburini (ex-aluno, ex-professor e ex-diretor da EFOA) que mudou o nome do estabelecimento para Colégio de Alfenas.
Em 1914, com 31 anos de idade, juntou-se a um grupo de pessoas, batalhadoras e idealistas e criou a Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas (EFOA). Foi seu diretor, desde a fundação, até o ano de 1933, quando apresentou renúncia que somente foi aceita com muita relutância. É oportuno esclarecer que esta foi apresentada para facilitar o reconhecimento definitivo da EFOA, sem a qual isso não ocorreria por causa de fortes oposições políticas em altos escalões do governo de adversários de João Leão de Faria. A renúncia, no caso, ao invés de representar um ato de fraqueza ou covardia, foi mais um ato de magnanimidade, de grandeza moral. Não obstante, continuou seu professor até 1939, quando se afastou, transferindo-se para o Rio de Janeiro, lá permanecendo até sua morte.
Na EFOA, além do cargo de diretor foi professor catedrático das cadeiras de Botânica Aplicada à Farmácia, resultante do desdobramento da de História Natural, de Química Analítica e Química Industrial Farmacêutica. Foi também professor substituto nas cadeiras de Bromatologia, Toxicologia, Higiene, Farmácia Galênica, Farmácia Química, Química Orgânica, Zoologia e Parasitologia.
Em Alfenas, fundou ainda, no dia 02 de junho de 1933, a Faculdade de Direito de Alfenas (funcionou no prédio em que hoje está o Colégio Anglo, na Av. Afonso Pena, prédio construído especialmente para a Faculdade de Direito de Alfenas). Na Faculdade de Direito de Alfenas, João Leão de Faria lecionou a cadeira de Economia Política e Ciência das Finanças até o ano de 1936. Com o desdobramento, optou pela de Economia Política. A Faculdade de Direito de Alfenas, apesar de toda infraestrutura, foi fechada devido a pressões políticas decorrentes da implantação da ditadura pelo governo de Getúlio Vargas (Estado Novo).
Fundou, em Alfenas, a Associação Comercial e Industrial de Alfenas (ACIA) que existe até os dias de atuais.
João Leão de Faria exerceu, a par de outras, intensas atividades políticas, elegendo-se Deputado ao Congresso Legislativo de Minas Gerais, em 1919, reelegendo-se depois, em 1922 e 1926, com mandato até 1930, quando o Congresso foi dissolvido.
Residindo no Rio de Janeiro, a partir de 1939, ainda continuou a desempenhar atividades de magistério na Faculdade de Direito do Brasil, hoje, UFRJ.
Na antiga capital da República, RJ, exerceu uma variada gama de atividades, atuando no setor bancário, junto aos Bancos da Lavoura de Minas Gerais, Comércio e Agrícola do Brasil, Metropolitano de Crédito Mercantil, Banco da Prefeitura do Distrito Federal e Banco Itaú. Atuou junto à Associação Bancária do Rio de Janeiro como seu secretário, presidente e membro do Conselho Diretor. Em todas essas instituições sempre ocupou cargos e funções de destaque.
Exerceu, ainda, no RJ, variadas atividades no campo da advocacia.
Apesar desses múltiplos afazeres jamais se desligou da EFOA, da qual continuou seu Diretor Honorário, e, a quaisquer dificuldades, sempre esteve solícito, no RJ, para minimizá-las ou resolvê-las.

(Extraído do livreto “Notas Históricas de autoria de Silsomar M. Botelho, escrito em 1985)

Homenagens recebidas por João Leão de Faria, em Alfenas – Minas Gerais:
Nome do Diretório Central dos Estudantes da UNIFAL-MG.
Nome de Rua.
Monumento situado na Praça Dr. Emílio Silveira, em frente ao prédio antigo da EFOA.
Nome de Auditório, na UNIFAL-MG.

Colaboração:
Sebastião Meira
Servidor Aposentado da UNIFAL-MG

João Leão de Faria - 1914 a 1933